segunda-feira, 23 de agosto de 2010

O que é Bhakti Yoga?




Prefácio do BHAKTI YOGA SAGAR vol.1 – SWAMI SATYANANDA


Para se obter sucesso no Yoga, assim como na vida, a realização pessoal e a prosperidade não são suficientes. Para ter sucesso, são necessários apenas três ingredientes: compromisso, dedicação e devoção ao que está além de nós mesmos. Se não conseguirmos desenvolver estas três qualidades no nosso Yoga e na nossa vida, nunca iremos encontrar satisfação. O verdadeiro sucesso não é medido pelo status, rendimento financeiro ou qualquer conquista pessoal, mas sim pelo quanto estamos disponíveis para dar aos outros quando eles precisam, para que se elevem, para que se libertem do que os aflige.
O Homem não é uma ilha ou uma unidade separada e voltada para si mesmo. Tosos nós fazemos parte deste mundo, deste vasto universo, e o universo está em nós. Ninguém é, em qualquer aspecto, diferente do outro. Todos se constituem pela mesma energia, pelos mesmos cinco elementos. Todos respiram o mesmo ar, bebem a mesma água, comem a mesma comida, caminham na mesma terra. Todos sentem as mesmas emoções e pensam os mesmos pensamentos. Então, o que nós faz sentir diferentes uns dos outros? A nossa ilusão sobre o Eu, o nosso sentido de individualidade, a nossa importância, o nosso egocentrismo, que bloqueia a nossa visão de totalidade, de unidade com a humanidade e com toda a criação.

Quando seremos livres? A liberdade não é algo que se possa conseguir politicamente, socialmente ou profissionalmente. A liberdade é a compreensão de si mesmo em relação aos outros, a parte em relação com o todo. Nunca seremos livres enquanto não aprendemos o que é a partilha com os outros. Existe sempre alguém com menos do que nós, mesmo quando é muito pouco aquilo que temos. Existem milhares de maneiras de partilhar o nosso conhecimento, habilidades, facilidades, experiência, fé, crença, dinheiro, propriedade, comida, roupas, livros, idéias...

Não é por acumular e enriquecer que nos libertamos. Tornamo-nos livres ao dar aos outros aquilo que temos. As diferentes maneiras e formas da nossa partilha são a medidas da nossa liberdade, da nossa capacidade de realizar Deus. Por Deus, não me estou a referir ao Santo Pai que vive algures no céu, mas aquela divindade que vive em nós e em todos os seres, sensíveis e insensíveis, em igual medida.

Não tem qualquer utilidade construir o que quer que seja só para nós mesmos. Todas essas acumulações se tornam a nossa prisão, a nossa barreira. Mantém-nos separados da mais alta realidade, a visão de totalidade. Quanto mais damos, maiores nos tornamos, porque aprendemos a ver-nos nos outros. O seu sofrimento torna-se o nosso sofrimento e a sua alegria a nossa alegria.

Por uma vida de aquisição egoísta e satisfação material, não vale a pena viver nem morrer. No fim, o que é que teremos que ainda seja nosso? Nada. Não há dinheiro, nem posses, nem propriedade, nem casa, nem carro, nem emprego, nem relação, nem amigo, que saia desta vida conosco. A única coisa que vai conosco nesse último dia, será o nosso Karma, as nossas ações, quer sejam positivas ou negativas, egoístas ou altruístas, e nada mais.

Por isso é que nesta vida é muito importante procurar oportunidades para dar, para servir e contribuir com algo para o bem-estar e desenvolvimento dos outros. Este é o caminho para a felicidade, realização e transcendência, nesta vida e na vida que está para vir. Com cada ação positiva, removemos o peso de dez anos de ações negativas. Ficamos mais inteligentes, mais novos, mais saudáveis e revitalizados.

O que é que nos torna lentos, velhos, doentes e oprimidos? A causa não é externa; são as nossas limitações internas que nos prendem a uma visão da vida estreita e egoísta. Essa é a causa de todo o sofrimento. Para remover o sofrimento, temos de remover as nossas limitações. Temos de viver para ajudar e servir os outros e não a nós mesmos. Temos de chegar além da nossa própria família e das ações pessoais e desenvolver uma identidade mais vasta que englobe toda a humanidade, toda a criação, todo o cosmos. Isto é liberdade – e não qualquer ideologia política, social ou religiosa.

Atualmente, as pessoas no Ocidente esqueceram-se do espírito com que o Yoga chegou até elas vindo desta terra. Fizeram a suas próprias federações e associações de Yoga, e ergueram muros à sua volta. Cada um diz, ‘Este é o nosso Yoga. Aqui não é permitido mais nenhum. Aprende a nossa maneira, ensina a nossa maneira, ou vai-te embora’. Assim encontramos Yoga Britânico, Yoga Francês, Yoga Grego, Yoga Alemão, Yoga Sueco, Yoga Italiano, Yoga Japonês, Yoga Americano, mas estes não são os Yogas que eu ensino ou alguma vez ensinei.

Eu ensinei apenas um Yoga, aquele que conduz à liberdade. Todos os outros são caminhos de prisão. Por favor, não pensem que eu estou a falar contra algum professor de Yoga ou instituição, mas sinto que a presente concepção e direção do Yoga devem mudar. O Yoga tem de ser unificado, libertado de idéias separatistas, disputas de poder e conceitos estreitos de realização espiritual.

As atitudes têm de mudar, as barreiras têm de cair, para que um novo Yoga possa surgir. Este será o Yoga da unidade, da oferta, partilha e elevação, como um só grupo. Assim como os órgãos e partes do corpo, temos de trabalhar juntos num esforço conectado e concentrado para servir a humanidade, para partilhar o nosso conhecimento, os nossos dons, as nossas capacidades, o nosso trabalho, para o bem comum, para um mundo melhor.

Quando formos capazes de ver a doença, desequilíbrio e aflição dos outros como se fosse a nossa, e começarmos a aliviá-la e remove-la com o nosso esforço unido, então o nosso Yoga só precisará de uma bandeira. Chamam-lhe liberdade, chamem-lhe Mukti, chamem-lhe Beatitude. Se nos envolvermos em qualquer Yoga para o nosso desenvolvimento, conhecimento e evolução estritamente pessoal, esse Yoga não nos irá ajudar. Finalmente teremos de o abandonar e procurar outro caminho.


Os caminhos do mundo são muitos, mas o caminho para Deus, para o espírito, para a divindade, é só um. Dedicação à evolução dos outros, ver os outros em si próprio e ver-se a si mesmo nos outros; este é o Yoga derradeiro. Não existe outro caminho para transformar a nossa visão egoísta e limitada, numa visão cósmica. Este é o caminho e este é o Yoga do próximo século – chamem-lhe ‘Yoga da liberdade’.

Não há necessidade de desperdiçar tempo a praticar outros Yogas. A vida não tem dias, horas e minutos suficientes para fazer boas ações que são precisas para equilibrar as más ações que foram feitas anteriormente. Neste nascimento, temos a oportunidade para servir os pobres e desprivilegiados ao oferecer comida, roupa, dinheiro, remédios, livros, brinquedos, ferramentas, materiais de construção, bicicletas, gado, e outras coisas que possam ajudar a remover a aflição dos indivíduos, famílias e comunidades.

Este é o meu caminho, e este é o Yoga que eu desejo propagar no próximo século para o benefício de toda a humanidade e para a mais elevada realização. Não existe outro nirvana, nem outra iluminação. Este é o caminho para a liberdade.

Não é minha intenção insultar ou ofender o ponto de vista, conceito ou prática de Yoga de quem quer que seja. Contudo, temos de perceber que os Yogas ensinados no século XX eram adequados às necessidades e evolução da humanidade neste período. Desse modo, a forma do Yoga limitou-se à autodisciplina, introspecção e auto-desenvolvimento.

Agora, o Yoga está a dar mais um passo em frente. Está a expandir-se para lá da esfera pessoal, para além dos limites estreitos e egoístas da prática individual, do seu ensino e ideais, para englobar um espectro mais vasto de devoção, dedicação e participação integral na emancipação humana.

Isto não é minha ordem. Foi decidido por forças que estão alem de mim próprio. Não haverá outro caminho para evoluir através do Yoga. Eventualmente, todos terão de derrubar os seus muros e tabuletas, e começar a trabalhar em conjunto num único e consecutivo esforço para elevar e libertar a humanidade de todas as formas de privação e degradação.

A miséria dos outros é a nossa miséria. Libertar o outro da sua miséria é a nossa liberdade, a nossa felicidade e satisfação. Sem falar em libertar famílias, comunidades, estados, nações e mundos. A liberdade é infinita para aqueles que andarem na luz deste Yoga, para aqueles que tomarem o caminho da oferta e da partilha, que dedicarem o seu tempo e o seu dinheiro à evolução dos outros.


O nossos eterno agradecimento a Swamij Satyananda Saraswati por nos disponibilizar tal sabedoria
Hari Om Tat Sat!
Sattva Núcleo de Yoga


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